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Vascutiles

O termo vasculite significa, literalmente, inflamação do vaso (vasculum em latim significa vaso sangüíneo ou linfático, e ite, inflamação). O termo é genérico, mas é utilizado para denominar um grupo de entidades anatomoclínicas caracterizadas por inflamação ou necrose da parede do vaso sangüíneo com manifestações clínicas variadas.

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Mesmo no meio médico e, em especial, entre os angiologistas, existem muitas controvérsias sobre este tema, razão possivelmente da falta de conhecimentos profundos sobre estas doenças. Uma das causas do conhecimento ainda precário que temos sobre estas doenças é que foram descritas relativamente há pouco tempo e, somente nos últimos anos, com o avanço das técnicas de microscopia eletrônica e o desenvolvimento de exames mais específicos, é que os conhecimentos sobre as vasculites aumentaram.

A sintomatologia das vasculites é também muito variável, gerando muitas vezes um quadro clínico pouco característico, como febre de origem desconhecida, perda do apetite, fadiga, mal-estar geral, suores noturnos, hipotensão, dores fortes nas articulações ou nos músculos. Por vezes aparecem lesões na pele (nódulos, enfartamento, púrpura) ou até úlceras cutâneas, geralmente nas pernas ou braços. Considerando que quase todos os vasos do corpo podem ser atingidos pelas vasculites, não é de surpreender a riqueza e variedade do quadro clínico observado nas vasculites.

Outras vezes, o primeiro sintoma é a necrose, que pode acontecer em qualquer parte do corpo, mas é mais freqüente nos dedos.

Uma doença que causa necrose nos dedos e braços, com certa freqüência, é a tromboangeíte obliterante, conhecida também como Doença de Buerger. Nesta doença, o agente agressor é o tabaco. Geralmente atinge pessoas do sexo masculino, tensas, e na idade dos 30 aos 40 anos. É causado pelo hábito de fumar (cigarros, charutos ou cachimbos) e o tratamento implica na suspensão total do fumo. Mesmo o ambiente com cigarros deve ser evitado. Se a pessoa não abolir o uso do tabaco, a evolução é desfavorável, levando a gangrenas e a amputações.

As vasculites podem ser causadas por vários fatores (ou agentes) sendo os muito comuns os agentes infecciosos (bactérias, vírus, protozoário, etc) agindo diretamente na parede do vaso. Ou podem ser drogas os agentes (penicilina, quinina, antibióticos vários, etc). Ultimamente têm sido comum as vasculites, pelo uso de drogas ilícitas (heroína, cocaína, etc). Existe ainda a possibilidade da vasculite ser causada por reações imunológicas ou, finalmente, por mecanismos desconhecidos, atestando assim que a medicina reconhece não ter total domínio sobre este assunto.

O tratamento depende, basicamente, da detecção do agente causal, que deverá ser afastado, e do uso de medicamentos antiinflamatórios, vasodilatadores e analgésicos. Por vezes, está indicado o uso de anticoagulantes e, em certos casos, de tratamento cirúrgico ou endovascular. Mesmo com todos os cuidados, esta é uma doença despicienda e que muitas vezes não responde ao tratamento.

Aterosclerose

A aterosclerose é a principal causa de morte no mundo ocidental. É caracterizada pelo depósito de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias, reduzindo seu calibre e trazendo um déficit sangüíneo aos tecidos irrigados por elas. Seu desenvolvimento é lento e progressivo, e é necessário haver uma obstrução arterial significativa, de cerca de 75% do calibre de uma artéria, para que surjam os primeiros sintomas isquêmicos (sintomas derivados da falta de sangue).

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A aterosclerose é uma doença sistêmica, acometendo simultaneamente diversas artérias do ser humano. O quadro clínico apresentado pelo paciente vai depender de qual artéria está mais significativamente obstruída:

Se produzirá a dor cardíaca durante o esforço – angina de peito – na evolução crônica ou o enfarte na evolução aguda.

Se produzirão perturbações visuais, paralisias transitórias e desmaios na evolução crônica ou o derrame (acidente vascular encefálico) na evolução aguda.

Se produzirão claudicação intermitente (dor nas pernas ao caminhar), queda de pêlos, atrofias da pele, unhas e musculares, e até mesmo impotência coeundi (dificuldade de ereção peniana) nos casos crônicos e gangrena nos casos agudos.

Estudos epidemiológicos mostraram que a aterosclerose incide com maior freqüência e intensidade em indivíduos que têm algumas características, que foram denominadas “fatores de risco”:

Idade: Predominante na faixa de 50 a 70 anos.

Sexo: Predominante no sexo masculino, pois as mulheres são “protegidas”desviando suas gorduras sangüíneas para a produção de hormônio feminino (estrogênio). Após a menopausa a “proteção”desaparece.

Hiperlipidemia: Indivíduos que têm altos níveis de gorduras circulantes no sangue, sendo o colesterol a principal delas, depositam este excesso nas artérias obstruindo-as progressivamente.

Tabagismo: Os indivíduos que fumam têm um risco nove vezes maior de desenvolver a aterosclerose que a população não fumante. A decisão de parar de fumar modifica favoravelmente a evolução dos pacientes sintomáticos.

Hipertensão: A hipertensão arterial provoca alterações na superfície interna das artérias, facilitando a penetração das gorduras na parede arterial.

Sedentarismo: A atividade física reduz os níveis de colesterol e favorece a circulação.

Antecedentes familiares: Assim como a idade e o sexo, não podemos mudar nossa herança genética, e este é um fator também importante, não devendo negligenciar. Há famílias que, por diversos desvios metabólicos, estão mais sujeitos à doença.

O angiologista e/ou cirurgião vascular é o médico indicado para avaliar e tratar a aterosclerose. Melhor que tratar é evitar o aparecimento da doença. Isso pode ser alcançado com uma dieta alimentar equilibrada, não fumando e praticando regularmente exercícios físicos.